Observando em tempo real os lipossomas invadirem as células da pela!
Créditos da imagem: Griffin, J. et.al., 2017
Alguns medicamentos atuais utilizados no tratamento contra o câncer são encapsulados por estruturas lipídicas para permitir a liberação gradual de seu conteúdo, exercendo seus efeitos por um longo período de tempo e para permitir que estas drogas cruzem a membrana plasmática celular. Por exemplo, uma formulação do quimioterápicodoxorrubicina (fármaco aprovado pela FDA Doxil®) apresenta moléculas do fármaco em nanoesferas gordurosas chamadas lipossomas, o que permite que a droga circule mais tempo no sangue.
No entanto, o uso de “cápsulas” de lipossomas geralmente vem com efeitos colaterais. Infelizmente, os lipossomas muitas vezes acabam se acumulando nas células da pele, resultando em erupções e até mesmo lesões mais graves. Esses efeitos colaterais são então “limitantes de dose”, o que significa que a quantidade de medicamento que pode ser usado é limitada pela gravidade dos efeitos colaterais. Se os diminuir os efeitos colaterais do uso de lipossomas pudessem ser reduzidos, doses mais elevadas dessas drogas poderiam ser utilizadas e, talvez, gerar um tratamento mais eficiente.
Um estudo do Centro de Câncer da Universidade do Colorado publicado semana passada revista ACS Nano descreve o uso da tecnologia de microscopia intravital para visualizar como os lipossomas escapam dos vasos sanguíneos para as células circundantes em um camundongo vivo, oferecendo pistas que podem ajudar os pesquisadores a conceber melhores sistemas de administração de drogas – tanto para evitar que as drogas se acumulem nas células da pele e, de modo oposto, aproveitem melhor esse efeito colateral para entregar especificamente drogas a essas células quando necessário (casos de melanoma, por exemplo).