Privação androgênica leva a ativação macrofágica e induz a apoptose de células epiteliais da próstata.
Créditos da imagem: Barbosa et al, 2019.
Os androgênios são compostos naturais ou sintéticos, geralmente um hormônio esteroide, que estimula ou controla o desenvolvimento e manutenção das características masculinas em vertebrados ao ligarem-se a receptores andrógenos. Isso inclui a atividade dos órgãos sexuais masculinos acessórios e o desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas. Os andrógenos, que foram descobertos em 1936, também são chamados de hormônios androgênicos ou testoides. Os andrógenos também são os esteroides anabólicos originais. Eles também são precursores de todos os estrógenos, os hormônios sexuais femininos. O primeiro e mais bem conhecido andrógeno é a testosterona.
Os andrógenos estão envolvidos em todos os aspectos do desenvolvimento, crescimento e função da próstata desde o início da embriogênese masculina até a hiperplasia prostática em homens e cães idosos. Da mesma forma, a privação androgênica em qualquer fase da vida provoca uma diminuição no número de células da próstata e no conteúdo de DNA. O processo pelo qual a testosterona androgênica circulante é convertida em diidrotestosterona no tecido e a diidrotestosterona, por sua vez, ganha acesso ao núcleo onde ela regula a expressão gênica, em grande parte via interação com uma proteína receptora, mas os mecanismos de controle a jusante pelos quais sinais hormonais são traduzidos em diferenciação, crescimento e função estão sendo desvendados.
Sabe-se que a apoptose de células epiteliais prostáticas em resposta à privação androgênica é dependente de caspase ‐ 9 e tem um pico no terceiro dia após a castração. No entanto, estas mesmas células epiteliais quando isoladas sobrevivem na ausência de andrógenos.
ZNF142é um gene codificador de proteínas localizado no cromossomo 2q35. Este gene foi descrito pela primeira vez entre 15 outros DNAs complementares codificantes de “zinc finger-proteins” com implicações potenciais em doenças humanas. A proteína prevista codificada pela transcrição da variante 1 tem 1.687 aminoácidos (massa molecular estimada 168,7 KDa) e pertence à família Kruppel de zinc finger-proteins, com 31 destas estruturas do tipo C2H2. Diante desses aspectos estruturais, o ZNF142 é um possível regulador de transcrição de ligação ao DNA.
Neste trabalho, publicado na Journal of Cell Physiology, foi mostrado que Znf142 apresenta um padrão de expressão on-off nos macrófagos positivos para CD68 intraepiteliais, com o pico de expressão no terceiro dia após a castração. Ratos tratados com cloreto de gadolínio para depleção de macrófagos mostraram uma queda significativa na apoptose, sugerindo uma relação causal entre macrófagos e apoptose de células epiteliais. A polarização intra-epitelial de M1 também foi limitada ao Dia 3, e os camundongos knockout para óxido nítrico induzido (iNOS) mostraram significativamente menos apoptose do que os controles de tipo selvagem. As células epiteliais mostraram quebras de fita dupla de DNA, 8-oxoguanina e nitrosilação de tirosinas das proteínas, impressões digitais de exposição ao peroxinitrito. Células epiteliais cultivadas induziram polarização dos macrófagos M1 e mostraram foram induzidas à apoptose. Os mesmos fenómenos foram reproduzidos em células LNCaPcells co-cultivadas com macrófagos Raw 264.7. Em conclusão, o ataque M1142-macrófago (nome oriundo da ativação dependente de Znf142) causa ativação da via de apoptose intrínseca nas células epiteliais após a castração.
Em suma, este trabalho mostra novos eventos relacionados ao controle da apoptose das células epiteliais prostáticas, dependente da ativação macrofágica após a castração devido a uma possível atividade da proteína Znf142.
Veja o trabalho na íntegra: